No elevador
Relato de Carmem, mãe de Rubens
Carmem estava saindo para o trabalho, entrou no elevador e, logo adiante, o elevador parou no andar abaixo. Uma outra moradora abriu a porta e ficou um pouco assustada por ter medo de que um rapaz mora lávisto lá alguma pessoa. Entrou no elevador e ficou um pouco mais calma dizendo para Carmem que era nova moradora e que estava com medo daquele rapaz que mora lá em cima.
Carmem ficou meio agoniada sem saber o que dizer. Mas em seguida resolveu conversar com essa mulher. Perguntou se estava se incomodando com o Rubens, um rapaz alto que tem alguns problemas, às vezes não consegue falar muito bem. É meu filho. A senhora se sentiu mal perto dele?
A nova moradora, constrangida, disse que ficava com medo, sim, quando ele estava no elevador. E resolveu dizer seu nome, Rosa.
Carmem conversou um pouco mais com Rosa e explicou que ele tem algumas dificuldades mas geralmente há um jeito de resolver. Às vezes pode ficar irritado e chateado, mas depois melhora. Não precisa ficar com medo dele. Se não quiser falar com ele. Aliás, um dos problemas é que não gostam de olhar nos olhos dos outros e geralmente não olham direto nas pessoas que não são muito conhecidas.
Por outro lado, um dia descobri que um outro morador, brincalhão com todos no prédio, sempre que via o Rubens comprava para ele um picolé.
Rosa ficou mais tranqüila.
Meses depois Carmem me contou uma situação curiosa. Ela foi com Rubens para um Campeonato de Jogos Paratletismos. Contou que havia uma quantidade grande de competidores e um público acom-panhando essas pessoas. Todos fazendo o que podiam, com boas apresentações.
Houve um intervalo para o almoço e Carmem contou como aqueles jogadores ficavam conversando, contando histórias. Ela observou que muitos não tinham ou um braço ou perna vivendo ali sem mostrar qualquer incômodo, conversando entre eles, discutindo quem devia ter ganhado. Estavam ali como qualquer outros grupos que participam de jogos atléticos.
Carmem contou que se lembrou de Rosa, imaginando como seria bom ter visto tudo isso, essa gente atuando como podem e vibrando quando ganhavam e mesmo não ganhando.
Um outro tempo depois encontrei novamente Carmem que tinha encontrado muitas vezes naquelas pessoas envolvidas na história do elevador.
E me contou que tinha visto a Rosa e ficaram conversando. Não sobre o Rubens. Apenas no final, Rosa perguntou, onde está o meu amigão?
Carmem disse que geralmente vai muito bem.
Carmem disse que geralmente vai muito bem.